terça-feira, 8 de junho de 2010

Welcome to 1984: a mídia e as redes sociais

    1984 é um livro genial! Li ele há alguns anos atrás e, quanto mais reflito sobre a sociedade que vivemos, mais enxergo as palavras de Orwell. O cara foi um profeta e, se o mundo não está tão errado agora quanto ele previu é porque ele foi um dos que alertou sobre o futuro e incentivou iniciativas de contrapartida. A realidade do livro é uma realidade de pessoas alienadas e sob eterna vigília, cultuando a imagem do homem que governa o mundo: o famoso Grande Irmão - muito popularizado pelo programa de tv Big Brother (muito alienante rss). A história e os fatos cotidianos são totalmente e deliberadamente deformados, mudados e refeitos para depois irem para os ouvidos do povo pelas tele-telas, espécies de tvs que também filmam e encontram-se nas casas de todo mundo e espalhadas pelas ruas. Não vou contar muito mais, mas só tenho a dizer que a lavagem cerebral feita no livro é insana e recomendo que todo mundo leia! É um livro de ficção pra se ler antes de morrer e de uma sagacidade inquestionável!
     Monitorados e alienados por mentiras dadas como verdades, sujeitos a trabalhos dos quais desconhecem a utilidade, a privacidade e a liberdade inexiste no livro. No mundo atual, como já cansei de falar, somos alienados pela grande mídia, que passam os fatos de forma parcial e tendenciosa sem dar espaço para reflexão. Absorvemos programas de tv, rádio, noticias dos diversos meios - até do mainstream dentro da internet, que se sobressae em relação às fontes independentes, pouco consultadas pela maioria - vazios de significado e conservam nossa mentalidade consumista e escondem o cruel sistema ao qual estamos sujeitos. A informação é monopolizada e nos vendem um ponto de vista único como verdade absoluta. Dessa forma, assim como no livro de George Orwell, somos alienados da realidade e seguimos alimentando um sistema que desconhecemos e suprindo os desejos da minoria e  o sofrimento de uma maioria. O comportamento é padronizado, nossa liberdade de pensar é cortada pelos meios de comunicação de grande porte - e quem não pensa não consegue expressar opinião, visão de mundo própria. Viramos alienados como no livro. Até aí, Orwell acertou na mosca. Mas quanto a sermos vigiados o tempo inteiro? As pessoas no livro 1984 têm suas vidas pessoais expostas. Nós não temos câmeras em casa, não somos então teiricamente vigiados pelos que estão no poder. Claro, há um certo controle de nossas ações pelo governo - como quando saímos do país ou quando somos presos por cometer ilegalidades - e por empresas - como transações de contas em banco. Mas no livro absolotamente tudo que a pessoa fazia estava exposto. Até outro dia eu acreditava que com a nossa sociedade isso era diferente. Isso foi até outro dia.
       O Facebook já provou o contrário. Estamos compartilhando nossas vidas pela internet. Expontaneamente, expomos todo dia nossa localização, nossos gostos, nossas atividades, nossos amigos, nosso cotidiano em fotos e textos para qualquer um ver. Disponibilizamos em escala global o que é pessoal e íntimo . O monitoramento e o controle das pessoas pelo governo, pelas grandes empresas fica muito fácil. A alienação e a lavagem cerebral se tornam muito mais eficientes quando se conhece a fundo o alvo a ser manipulado. As redes sociais mostram uma função extremamente negativa: nos colocar sob vigilância. Somos facilmente transformados em gráficos e estatísticas, que permitem a quem desejar nos atingir nos nossos pontos fracos. Toda essa informação antigamente privada passa a ser veículada mundialmente e pode ser usada para os mais variados fins. Que tele-tela que nada. Nós mesmos estamos nos colocando sob monitoramento. Tweetamos cada passo nosso porque isso se tornou "moda" e é como se cada passo nosso estivesse sendo filmado. Liberdade é escravidão.

O video a seguir é a primeira parte de uma música do Anti-Flag chamada "Welcome to 1984", que aborda a guerra com enfoque no imperialismo norte-americano. No livro 1984, a guerra é bem interessante, ela é passada como necessária para o povo quando na verdade é simplesmente lucrativa e por isso infinita - não há real conflito ideológico. Se assemelha bastante às guerras atuais travadas pelos EUA, como abordei no post "a guerra e o dinheiro". E é essa a crítica da banda. Escutem!
     


       É, dá pra ver que, mais que nunca, estamos vivendo o futuro proposto pelo livro. Ter consciência disso é um primeiro passo para driblar a alienação e a mentalidade materialista incrustrada. Revolucione-se para revolucionar o mundo! Vivemos sob controle e a reflexão é o caminho para se libertar. A reflexão e a ação. Mas, por ora...Welcome to 1984.