domingo, 4 de abril de 2010

DIY - a filosofia punk na reversão do sistema atual


     Já falei por aqui que a mídia mainstream, aquela à qual a maioria das pessoas têm acesso, é dominada pelas grandes empresas e que a união da indústria de bens de consumo e da indústria do entretenimento é o que leva à produção e proliferação de material alienante, que  ocupa o tempo de possível reflexão da pessoa com entretenimento e jornalismo superficial e de fácil digestão, afastando o consumidor da vil realidade que o cerca e do pensar sobre as causas e efeitos dos vários problemas mundiais e de menores escalas. E, também como já disse, isso impede uma percepção da realidade e uma mobilização da população, que se mantém robozinhos cegos que consomem e trabalham alimentando o sistema desigual e injusto atual.
      Está claro que isso acontece porque existem as grandes empresas que monopolizam o mercado, controladas por grandes empresários que continuam a busca incessante por dinheiro sem ligar para o restante da população em péssimas condições de vida. É certo que nem tudo aquilo que é produzido pela mídia onipresente em nossas vidas é lixo. Jornais e sites mainstream possuem muitas vezes colunas de opinião e áreas em que assuntos são debatidos por pensadores das diferentes áreas, mas, por serem de digestão mais dificil ou por estarem em meios mais caros e de acesso restrito, são lidos, isso quando lidos, por uma parcela minima de uma minoria.

      Uma exposição da realidade feita de forma reflexiva, em que há uma análise e confronto de pontos de vista é essencial para que se comece a pensar em mobilização e busca por mudança da realidade. Só se conscientiza permitindo e incentivando a reflexão. A mídia hoje vai na contramão disso. Esse tipo de iniciativa hoje só é possível de forma desvinculada à grande mídia e às grandes empresas - no underground, por assim dizer. Os que estão no poder não querem que isso seja possível. Iniciativas com esse tipo de objetivo só são possíveis se feita por quem não está no poder. Todos nós podemos e devemos tomar iniciativas nessa direção. Somos pessoas pensantes e atuantes no mundo que podem fazer as coisas por elas mesmas se correrem atrás. Porque se nós não fizermos ninguém fará por nós. Está insatisfeito com algo? Quer saber porque as coisas são de um determinado jeito e não de outro? Tire a bunda da cadeira e faça alguma coisa, tome uma atitude quanto ao assunto. É o mesmo principio da filosofia punk, do Faça Você Mesmo - Do It Yourself, em inglês. O DIY diz exatamente isso. É cada um fazendo por si só, sem esperar que qualquer força maior o faça. Se quer algo, vá atrás e faça.
        Foi com esse pensamento que as várias bandas punk surgiram no final dos anos 70. Tanto nos EUA quanto na Inglaterra, a juventude estava insatisfeita tanto com a condição social da população quanto com a profissionalização e industrialização do rock. Aí se formaram as primeiras bandas punk, com um som cru e simples, estilo sujo e rebelde, indo contra tudo vigente na época - causando mesmo. Uma das bases do movimento foi o DIY, a idéia de que qualquer um podia chegar e fazer o som como quisesse e soubesse, questionando o que via de errado no mundo. E o movimento se extendeu por um longo período, passando por uma fase de decadência nos anos 80, após o punk se dividir nas mais diversas vertentes e retornando com tudo nos anos 90, mas sem o mesmo espirito e raça da década de 70, uma vez já inserido em boa parte no sistema, trnsmutado em máquina de dinheiro de grandes gravadoras. O punk começou como uma grande afronta e quebra de costumes e padrões, para acabar transformado em modismo e commodity para larga escala. Infelizmente, isso acaba acontecendo com todo tipo de manifestação e produção cultural popular. No final das contas, a moçada se rende à mentalidade do "ter" capitalista. Bandas realmente DIY hoje são raras e escondidas. O punk, agora comercialzão, já é simplesmente absorvido assim como todo o resto do que é feito pela mídia mainstream.   
       O movimento deu uma boa chacoalhada no mundo, mas que não foi suficiente para efetivamente mudar a realidade. Mas acredito que sem ele estariamos em uma situação muito pior hoje em dia. Foi uma bela e importante levantada de voz da população para a injustiça e ausência de valores na sociedade contemporânea. E só foi possível graças ao seu espiríto DIY, que levou a uma mobilização gigante em prol do movimento. Uma maré na direção contrária do industrial, idealizado e plastificado. O punk era algo alcançável, que qualquer um podia fazer e ouvir, um som até desagradável, assim como a realidade o é. O oposto do mundo falso passado pela mídia está ali personificado em música, moda, esporte e atitude - um grito a favor do ativo e não do passivo, uma rajada de visão nos olhos antes cegados.
         Não o punk em si, porque ele já foi incorporado ao sistema e à mídia mainstream - já ficou batido - , mas a idéia do Do It Yourself é, mais do que nunca, necessária hoje. Já passou da hora de buscarmos as coisas por nós mesmos, não ficarmos dependendo do sistema e do governo. Para mudar o mundo, precisamos se mobilizar, e mobilizar os outros. Nós somos capazes e, como habitantes desse mundo, é nossa obrigação fazer algo para melhorá-lo. Podemos juntos melhorar a vida da humanidade, é só não termos medo de tentar. As coisas não são assim porque são, as pessoas que as deixaram assim e as pessoas que podem mudá-las. É só usarmos das ferramentas ao nosso dispor para tanto. A internet hoje nos proporciona tanto, temos todas as pessoas, onde estiverem, conectadas umas com as outras - é uma ferramenta de poder incalculável e que pode e deve sim ser usada por nós na busca por mudança. As  ferramentas ao dispor de cada um para se buscar um mundo melhor hoje são muitas. Logo, depende de nós unicamente. Já passou da hora de agir.

3 comentários:

  1. João, vc. passou informações importamtes. Não sabia que as "Bandas" que surgiram no BR. nos anos 80 quardavam uma filosofia de mudar o mundo , as coisas e o modo de viver. Não há dúvida que hoje elas custam "caras"e para ouví-las temos que por um algodão no ouvido! No entanto lembra mesmo esse espirito de provocar o conflito, para gerar a solução. Essa rapaziada está fazendo mesmo um sucesso, e se em esse fim de alcançar uma mudança na estrutura de uma sociedade "De quem pode mais chora menos" os meios justificam e louvam os fins. É um trabalho muito sério, algo muito sério mesmo, para uma desconeção de um barulho , que só pode alcançar a grande arte de promver a igualdade social. Eis aí o caminho para sua tese. Descobriu!!!

    ResponderExcluir
  2. É!!! hehe! Parece um caminho bom! Ainda árduo e abstrato, mas partindo do DIY podemos sim melhorar o mundo! É uma questão de iniciativas, das pessoas comuns irem na contramão daquilo impostos pelas grandes empresas e lutar por seus direitos!

    ResponderExcluir
  3. JOHNNYYYY

    demais! velho, continua escrevendo! Craiança vc tem talentooo! haushaushua adoroo
    vo entra sempre, e logico, vo faze propaganda.

    ;P

    BjooO

    ResponderExcluir