domingo, 1 de agosto de 2010
inchocável?
Aquilo que surgiu como manifestação artistica ou subversiva ou política ou de qualquer outra natureza vira um commodity. Aquilo perde seu sentido original e só o mantém simbolicamente, passando a ser algo que gera capital. É atrativo pelo que representa simbolicamente, pelo seu significado perdido que teoricamente se mantém, porque se mantém no imaginário, como uma idéia vendável. Atitudes e formas de pensar são consumíveis, são compradas apenas em imagem e quem compra fica com a imagem que está tomando atitude - só com a imagem e sem atitude alguma. A pessoa fica com a imagem de que está sendo crítico ou rebelde, quando na verdade supre o sistema comprando pra si a falsa imagem de que é crítico ou rebelde. Ser contra o sistema já se incorporou ao sistema.
Elvis costumava chocar e quebrar padrões. O punk chacoalhou o estabilishment de jeito. Hoje os dois alimentam o sistema. Os sentidos são perdidos e tudo é banalizado. Nada mais choca, porque tudo virou produto inofensivo. Aquilo que gerava estranhamento não mais o gera. O estranhamento deixa de estranhar e passa a vender como algo que estranha - só que não estranha mais. E essa constante coisificação gera medo. O medo de que o sistema se torne inquebrável, pois tudo que vem contra ele ele tira o sentido original e incorpora como produto vendável. Há também o medo trazido por essa constante perda de sentido. Deixamos de pensar para apenas consumir. Com isso só cresce o vazio gerado pelos produtos sem sentido. Nossa identidade e o significado que tinha nossa cultura parecem se perder ao serem substituidos por uma cultura de consumo do oco de significado. Nós acabamos se perdendo também. Ficamos sem base alguma aonde se suportar, sem sentido para si e para a vida. Sem sentido e presos em um sistema indestrutível. É para aí que parece que estamos caminhando.
Parece que nada mais choca o sistema, nada mais consegue criticar e apontar os problemas. As várias formas de crítica também já se incorporaram e perderam sua força. Novas formas poderão ser criadas ou todas já foram criadas? E, se criadas, essas novas formas também não se incorporarão? É algo para se pensar.
Para onde estamos caminhando? Banalização generalizada? Um vazio angustiante? Há como mudar essa direção? Há como criar novas formas de choque ou reciclar as antigas? O que ainda tem sentido hoje? O que tem sentido pra você?
uma ação
terça-feira, 8 de junho de 2010
Welcome to 1984: a mídia e as redes sociais
É, dá pra ver que, mais que nunca, estamos vivendo o futuro proposto pelo livro. Ter consciência disso é um primeiro passo para driblar a alienação e a mentalidade materialista incrustrada. Revolucione-se para revolucionar o mundo! Vivemos sob controle e a reflexão é o caminho para se libertar. A reflexão e a ação. Mas, por ora...Welcome to 1984.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Criatividade, ativismo & internet
Isso tudo posto, tudo que me resta dizer é que as iniciativas de mobilização coletiva são um caminho mais do que válido para buscar um mundo melhor. Pense e faça os outros pensarem. Questione e faça os outros questionarem. Seja criativo. DIY now.
domingo, 2 de maio de 2010
incomunicação
Vivemos a era da adoração a tudo que é tecnológico, de última geração. E nesse contexto, diversas teorias sobre a troca do real pelo virtual já foram criadas. Vende-se por aí que funções que emergem na internet um dia substituirão seu equivalente no mundo real. Isso é completamente mentira. Nunca que o virtual substituirá o real. O mundo real é o mundo em que vivemos, no espaço e tempo no qual estamos inseridos e são próprios do ser humano. O real é o mundo de verdade, o virtual é apenas um reflexo de um reflexo de um reflexo distorcido do que vivemos, com tempo e espaço intangíveis por nós.
Por mais que interligue o mundo, não significa que a comunicação pela internet seja eficiente. Ela passa informação eficientemente sim, mas o conteúdo por ela passado permite uma comunicação muito mais ineficiente do que a realizada por duas ou mais pessoas em um quarto, por exemplo. No momento em que temos duas pessoas presentes no mesmo espaço é que é possível realmente uma comunicação de profunda complexidade e imenso resultado na criação de entendimento, compreensão e vínculos. O imediatismo e minimalismo nos dados que viajam pela rede é gigantesco e isso gera facilmente a falha de comunicação ou, no pior dos casos, a falta total dela - a incomunicação. Muita informação roda, mas ela é toda passada por textos escritos, imagens, gravações de sons e videos - que são registros já subjetivos da realidade, que serão interpretados também subjetivamente. Isso posssibilita facilmente a má interpretação e o entendimento errôneo do que está sendo comunicado.
Só na realidade é que o homem consegue atingir o maior grau de eficiência na comunicação, e, mesmo assim, várias barreiras de caráter subjetivo costumam entrar no caminho. No real se tem o máximo de qualidade de comunicação, só nele as pessoas se conhecem e criam vínculos. O corpo como um todo comunica - expressões faciais e corporais podem comunicar mais do que mil palavras ou 20.000 tweets (risos). Sentimentos e emoções só são realmente compartilhados no espaço real, pelo conjunto de sentidos que possuimos: audição, tato, olfato, paladar e visão. Além disso, só se enxerga e descobre a realidade estando nela, pois qualquer outra fonte já terá o ponto de vista de um terceiro envolvido, impedindo que você interprete o real por si mesmo e fazendo com que você enxergue a sua visão da visão que outra pessoa tem da realidade.
A verdade é que o real é insubstituível. Trocá-lo pela internet é um erro tremendo, que estamos gradativamente cada vez mais cometendo. O tempo que se desperdiça hoje em redes sociais enquanto se poderia estar lá fora curtindo a vida real, conhecendo e se relacionando de verdade com outras pessoas só cresce. Você não conhece nem um milionésimo do que uma pessoa é apenas olhando um profile. A ineficiência comunicacional da mídia tecnológica é incalculável. Comunicar de verdade é mais do que apenas passar uma mensagem. É permitir que o outro te compreenda e conseguir compreender o outro. Nesse momento, criam-se laços reais e significativos.
Por isso, precisamos evitar gastar horas do nosso dia no computador ou com qualquer outro meio eletrônico, como TV, rádio, etc. Devemos viver a realidade e a descobrir por nós mesmos. É muito fácil ser alienado quando você transforma a rede na sua principal fonte de informação, pois ela já é um registro subjetivo do real que irá, intencionalmente ou não, distorcer imensamente os fatos. Precisamos criar consciência disso e sair da fantasia de que a tecnologia é maravilhosa e perfeita. Comunicar-se com eficiência já é bastante difícil no mundo 3D, na web então...
quinta-feira, 22 de abril de 2010
nada x tudo
Bom, para explicar um pouco melhor do que estou falando, pego uma frase muito recorrente nos dias de hoje e uma verdade inquestionável: "Tudo em excesso faz mal". Seu médico já deve ter te dito isso ou você ouviu na TV. O caminho para uma vida saudável é a moderação. O segredo para o equilibrio em tudo é a moderação. Por isso hoje vivemos na era da desigualdade, porque hoje vivemos na era dos excessos.
É só andar nas ruas para ver o excesso. O excesso impregna a sociedade máléficamente. Vemos propagandas em excesso, produtos em excesso, imagens em excesso, padrões estéticos, de comportamento e consumo nos bombardeiando intensivamente e excessivamente. É vendido para nós que o caminho para a felicidade é o trabalho e o consumo em excesso. E é aí que a desigualdade se dá: na busca do homem pelo excesso de commodities, logo de dinheiro.
O excesso constitui no extremo. E viver em um extremo leva ao desequilibrio. A sociedade está material ao extremo. Temos milhares e milhares de produtos para serem consumidos e as pessoas fazem de tudo para tê-los. Cada vez mais coisa é fabricada, mais é consumido, se vê de tudo por aí para comprar. Tudo, tudo. É só procurar que você achará tudo em termos materiais. E o homem quer tudo hoje, quer ostentar todo tipo de coisa para sentir que tem poder, que está completo e com isso, encontrar a felicidade. Quem tem tudo, é feliz - esse é o discurso.
Mas será que é verdade? Quem consegue comprar tudo é feliz? Ter tudo é o caminho ou isso é só um discurso construido? Pense bem, quem tudo tem o quê? O que realmente importa na vida? Coisas, bens commodities, produtos? É isso? Isso completa o individuo? Isso basta? Os outros individuos então não servem de nada senão de meras alavancas para que se alcançe esse poder aquisitivo e aí seja feliz?
É isso que nos é vendido como verdade hoje. Que o dinheiro pode comprar tudo, e que isso traz felicidade. Mas esse tudo que o dinheiro pode te comprar na verdade não é nada. Quem tem tudo nesse caso não têm nada. É o excesso que gera a falta - sempre vai se querer mais e nunca será suficiente, e mesmo que desse pra se alcançar tudo... than what? A real é que todos esses produtos não têm profundidade alguma, são objetos inanimados sem emoções, sem vida. Uma vida completada por coisas materiais é uma vida incompleta, completada por nada mais que nada. Fica um vazio, não há um significado, uma alma em tudo isso. E, muitas vezes, quem não têm nada dessas coisas, não possui nada, nenhuma posse, é quem tem realmente tudo. Porque ele deve ter pessoas que gostam dele, amam ele e as quais ele ama e gosta também, se relacionando e criando laços, tendo momentos significativos; e/ou algo que ele faça e se sinta realizado, algo com que ele se descubra e se supere, criando, descobrindo e aprendendo a lidar... ou seja, coisas que realmente importam, independente de trazerem dinheiro ou não. Dinheiro é essencial para a sobrevivência, mas sobreviver é o mínimo, não significa que a pessoa seja feliz só por isso.
A fórmula para a felicidade não existe, mas comprar bens materiais em excesso com certeza é que não é. Nada é tudo.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
McLaren, a mente por trás do punk
O movimento punk não começou na Inglaterra, ele já engatinhava anos antes nos Estados Unidos. As primeiras bandas que deram início a uma movimentação inicial na contramão do que vinha sendo feito estavam em Nova York na metade dos anos 70. A mais importante delas, como todos sabem, foi o Ramones - pais do punk. Nesse contexto, bandas cruas, minimalistas e - em alguns casos - agressivas e rebeldes surgiam fazendo o som como bem entendiam. O DIY ( Do it Yourself - Faça Você Mesmo) se impregnava, à medida que jovens desiludidos com a sociedade e a industrialização e profissionalização do rock criavam suas próprias bandas. Começava aí as, até hoje referência, músicas de 3 acordes apenas. McLaren, inglês viajando pelos EUA, observou esse fenômeno que acontecia e viu nele uma oportunidade de fazer muito dinheiro. Ele entendeu o que estava acontecendo, viu o que a juventude queria e precisava.
É engraçado que buscando enriquecer enormemente como manda a lógica do capitalismo, McLaren tenha criado um grande grito de revolta e crítica a essa mesma lógica. Não tem jeito, o que o povo quer é o que dá dinheiro e se o povo compra a revolução, a revolução é que dará dinheiro, mesmo que ela consista em questionar toda a lógica do dinheiro acima de tudo e desmantelar dogmas da mentalidade do "ter". Mas em um mundo em que os mais diversos agentes atuam, cada um em sua direção no salve-se quem puder que é essa loucura do capitalismo selvagem desigual, os mais diversos resultados e reações advesas acabam por se desencadear. No meio disso, nasce o punk. No meio disso, nasce as mais diversas manifestações culturais, mas também surgem os mais teriiveis métodos de manipulação e alienação da população. Ninguém tem o controle enquanto seguirmos individualistas, cada um por si. Uns tentando dominar aos outros e, no final das contas, uma minima minoria é quem se beneficia apenas. É só ver que o punk acabou incorporado ao sistema, deixando de ser um questionamento ao mesmo para virar um mero commodity.
Entre as forças atuando nas mais diversas direções, as com mais capital acabam vencendo e encaminhando para seu lado. Por isso o sistema não muda, mesmo com manifestações como as do punk. A única forma dos com menos dinheiro, a maioria, conseguir buscar um equilibrio, direcionar para seu lado as ações e reações é se houver uma união. Se todos atuarem juntos na mesma direção, serão mais fortes que aqueles que detém o poder aquisitivo hoje. É óbvio, a união faz a força, a maioria junta tem o poder de mudar. Mas mesmo sendo óbvio, parece que ninguém enxerga isso hoje. Seguimos no individualismo, na mentalidade do "ter" e do "garantir o seu". É hora de mudar a mentalidade, para fazer um movimento que realmente mude o mundo por completo. É levar o que o punk foi para um outro nível.
domingo, 4 de abril de 2010
DIY - a filosofia punk na reversão do sistema atual
Já falei por aqui que a mídia mainstream, aquela à qual a maioria das pessoas têm acesso, é dominada pelas grandes empresas e que a união da indústria de bens de consumo e da indústria do entretenimento é o que leva à produção e proliferação de material alienante, que ocupa o tempo de possível reflexão da pessoa com entretenimento e jornalismo superficial e de fácil digestão, afastando o consumidor da vil realidade que o cerca e do pensar sobre as causas e efeitos dos vários problemas mundiais e de menores escalas. E, também como já disse, isso impede uma percepção da realidade e uma mobilização da população, que se mantém robozinhos cegos que consomem e trabalham alimentando o sistema desigual e injusto atual.
Está claro que isso acontece porque existem as grandes empresas que monopolizam o mercado, controladas por grandes empresários que continuam a busca incessante por dinheiro sem ligar para o restante da população em péssimas condições de vida. É certo que nem tudo aquilo que é produzido pela mídia onipresente em nossas vidas é lixo. Jornais e sites mainstream possuem muitas vezes colunas de opinião e áreas em que assuntos são debatidos por pensadores das diferentes áreas, mas, por serem de digestão mais dificil ou por estarem em meios mais caros e de acesso restrito, são lidos, isso quando lidos, por uma parcela minima de uma minoria.
Não o punk em si, porque ele já foi incorporado ao sistema e à mídia mainstream - já ficou batido - , mas a idéia do Do It Yourself é, mais do que nunca, necessária hoje. Já passou da hora de buscarmos as coisas por nós mesmos, não ficarmos dependendo do sistema e do governo. Para mudar o mundo, precisamos se mobilizar, e mobilizar os outros. Nós somos capazes e, como habitantes desse mundo, é nossa obrigação fazer algo para melhorá-lo. Podemos juntos melhorar a vida da humanidade, é só não termos medo de tentar. As coisas não são assim porque são, as pessoas que as deixaram assim e as pessoas que podem mudá-las. É só usarmos das ferramentas ao nosso dispor para tanto. A internet hoje nos proporciona tanto, temos todas as pessoas, onde estiverem, conectadas umas com as outras - é uma ferramenta de poder incalculável e que pode e deve sim ser usada por nós na busca por mudança. As ferramentas ao dispor de cada um para se buscar um mundo melhor hoje são muitas. Logo, depende de nós unicamente. Já passou da hora de agir.
segunda-feira, 29 de março de 2010
ícones vazios
Para entender melhor essa idéia de imagem, voltemos às pessoas famosas, que estão aí expostas apenas em imagem. Um excelente exemplo é a Marilyn Monroe, um símbolo mais do que marcante na sociedade ocidental, também presente, como todos sabem, na obra de Warhol. Acredita-se que todos nós conhecemos Marilyn Monroe - sabemos quem ela é. Isso não é verdade. Nós só conhecemos a imagem dela, não sabemos quem ela é. Quais eram seus desejos, medos, sonhos, angústias, gostos, inseguranças, valores, opiniões sobre o mundo? Eu sei lá! Só quem realmente conheceu Marilyn pode responder a uma dessas perguntas. Nós, que apenas a conhecemos por imagem, por aquilo no que a mídia a transformou para o público, não fazemos a miníma idéia de absolutamente nada sobre a pessoa Marilyn Monroe. E é isso também que faz das imagens tão descartáveis. São esteriótipos batidos criados em cima de uma determinada pessoa ou objeto ou empresa… Os sex symbols representam sexo, qualquer gostosa por aí pode ocupar esse papel. É só ser gostosa. É só ter o corpo considerado ideal para o papel e, a partir daí, assumir um personagem para ser vendido e consumido em grande escala. É um personagem plano e oco. Nada mais que isso.
Esses ícones ocupam o imaginário popular e atuam como agente manipulador e alienador da sociedade. Nossa visão de mundo é distorcida por essas imagens forjadas. Afastamos nosso olhar da realidade para se prender àquilo vendido como ideal e padrão a ser buscado. Há uma mistificação das pessoas famosas, para que sejam vistas como inalcançáveis e perfeitas. O sonho de todos passa a ser tentar ser igual a elas. Cria-se a ilusão de que todos podemos ficar ricos e famosos e que, a partir daí, seremos perfeitos que nem as falsas imagens que vemos no cinema, TV, revistas, internet, etc. E, como já afirmei, seguimos assim até hoje. O mundo plástico holywoodiano ofusca os grandes e pequenos problemas mundiais. A imensa e brutal desigualdade social é esquecida e as empresas seguem fazendo a festa às custas de uma maioria com péssimas condições de vida e cegada pela mentalidade do consumo.
A arte de Warhol é, portanto, atemporal. E continuará atemporal até que percebamos o quão errado e superficial está o nosso mundo. Tudo é coisificado,transformado em produto. A única mudança que ocorre é a do enlatado para o digital, mas será que essa mudança tem algo de significativo? Que tal parar de consumir e tentar pensar um pouco? Qual o sentido de tudo isso? Que mundo é esse?
domingo, 21 de março de 2010
Ciclos e mais ciclos
Observando a história, conseguimos enxergar os ciclos nas mais distintas escalas. Da racionalidade grega e romana fomos para o misticismo medieval, e acabamos por nos tornar à racionalidade novamente, quando se inicia a Idade Moderna. Lógico que a certeza da volta ao misticismo é nula, vista a enorme escala com que estamos lidando. Peguemos agora um exemplo de algo menor, que lida com períodos de em torno de 50 anos: os ciclos de Nikolai Kondratiev. Um ciclo de Kondratiev tem um período de duração determinada, que corresponde aproximadamente ao retorno de um mesmo fenômeno. Apresenta duas fases distintas: uma fase ascendente e uma descendente. Eles se aplicam à economia mundial e já foram comprovados como válidos na prática, vide todos os apogeus e crises imensos que já vivemos no último século. E, diminuindo ainda mais a escala, podemos ver essa lógica na carreira de uma pessoa. Toda carreira tem seus altos e baixos, assim como os relacionamentos e tudo que envolve a vida de cada um. Não há excessão a essa regra. Claro que os ciclos, como tudo nesse mundo, podem ser extremamente inconstantes e irregulares, havendo a possibilidade de longos períodos de estabilidade, assim como de queda e ascenção de uma constância totalmente bizarra.
O fato é que, por mais que se acredite que tudo é cíclico, é impossivel compreender tudo usando essa lógica. Rotular, controlar, entender tudo é impossivel, cada vez mais. Um mundo cada vez mais populoso e fragmentado como o que vivemos consiste na cada vez maior inconstância e, com isso, dificuldade de análise. Eu acredito no cíclico, mas acredito que essa visão não nos permite entender todos os processos que englobam a realidade, nenhuma lógica permite. Requer tempo, conhecimento, diferente ângulos de observação e vários leveis de reflexão para poder se chegar o mais próximo possivel de saber para onde o mundo está indo. Porém, a lógica do cíclico está aí, e é uma das bases da dinâmica do real, sendo de extrema relevância para uma, mesmo que minima, compreensão do mundo e a vida. O linear não existe.
segunda-feira, 15 de março de 2010
diversamente fragmentado
O mundo é diverso. Hoje, não existe um produto que agrade a todos. Estamos longe disso. A sociedade não é massificada como as grandes empresas gostariam. Isso por um lado é bom e por outro é ruim. É bom porque como se tem os mais variados grupos, se tem as mais variadas atrações para cada grupo consumir. As empresas tentam ganhar cada vez mais dinheiro e, para isso, precisam atingir o maior número de pessoas que puder. Dessa forma, a indústria se torna ampla e rica, são produzidos os mais diferentes tipos de coisas para os mais diferentes tipos de consumidores. Isso incentiva a criatividade e a inovação em todos os setores, o que é muito loko. Se acha quase de tudo por aí hoje em dia.
Por outro lado, essa diversidade não impede que se tenha um monopólio. Grandes corporações milionárias dominam o mercado, impedindo a competição e garantindo a cada vez maior desigualdade social. Uma única empresa fabrica os mais diferentes produtos. Por exemplo, uma mesma editora tem linhas de revistas e livros distintas para cada nicho. Assim, a diversidade acaba sugada pela corrente capitalista, alimentando o imperialismo atual. O mundo é diverso, mas só um pequeno grupo dentre os muitos existentes tem o poder.
A fragmentação da população mundial em pequenos grupos, com diferentes gostos, visões, ambições, etc., por mais que pareça algo bom por dar a idéia de reversão do processo de massificação, impede uma mudança do mundo em larga escala. Não só pelo fato de se haver um desequilibrio nas relações de poder e um mercado monopolizado, mas também porque acabar com a injustiça no mundo e derrubar o terrível sistema atual dependeria de uma mudança de mentalidade por parte da maioria global e de uma movimentação coletiva para tirar as grandes empresas do alto da pirâmide. Logo, um mundo dividido dificulta ainda mais a busca por mudança. Movimentação coletiva requer uma integração de todos, todo mundo enxergar a necessidade de mudança e agir junto. Portanto, integrar os pequenos grupos seria um passo fundamental para começar a se pensar em uma mudança significativa da situação atual.
Como se obter uma união de todos? Esse é o desafio agora.
sexta-feira, 5 de março de 2010
a imagem como realidade
Bombardeadas por imagens e dependentes das mesmas até mesmo para sua auto-afirmação diante da sociedade, as pessoas no geral não refletem sobre a imagem como algo feito com uma determinada intenção por seu concebedor, como algo construido de uma determinada forma por determinados motivos. Existem sim imagens que tentam traduzir o real da forma mais nua a crua o posssivel, mas ainda assim isso não acontece, há sempre o elemento da subjetividade. E os individuos não terem consciência disso é uma das principais razões pelas quais a midia tão facilmente os manipula, engana e aliena, defendendo as intenções de certos grupos e subjugando o restante.
Imagens são ricas e de extensos significado e possibilidades de interpretação, possuindo imensa profundidade e poderosa capacidade comunicativa. Porém, como tudo, a imagem pode ser usada para o bem ou para o mal. Claro que existens tons de cinza e esses dois conceitos são relativos e de um maniqueismo tolo, mas vocês vão ter que concordar que manipular o povo é errado. Bom, anyway...no momento que as imagens são usadas para controlar as pessoas, o fato daquelas serem vistas como a pura realidade só facilita o processo. Logo, é uma relação que depende de dois elementos: empresas mal intencionadas e expectadores que têm para si um conceito errôneo do que é imagem. Se tirarmos um dos dois de cena, a alienação por meio de imagens, em teoria, acaba. Claro que o texto verbal também tem um alto poder de persuação e distorção de fatos, mas não tanto quanto o visual. Portanto, se as pessoas soubessem lidar com as imagens, o controle da mídia sobre a população reduziria significativamente.
Conclui-se disso que um primeiro passo para acabar com a desigualdade no mundo seria possibilitar que as pessoas enxerguem as imagens como um recorte pessoal e parcial do cotidiano. A forma como se vê a imagem hoje precisa mudar, porque a manipulação da população mundial por parte dos meios de comunicação perderia uma gigante parte de sua força se isso acontecesse. Seria um começo no longo e árduo processo de abrir os olhos de todos para a realidade. O ser humano com olhar critico, pensante é aquele incontrolável, aquele que muda e movimenta o mundo. E, mais que nunca, precisamos dele.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
racional?
Deixando de lado o papo de eco-chato de que tem que se respeitar a natureza e usar dela com responsabilidade e equilibrio... acredito que a ideia de melhorar a sociedade ao máximo por meio da busca de controle do mundo de que o homem moderno inicialmente partiu para o que temos hoje é um tremendo paradoxo. Sim, a tecnologia evoluiu para patamares nunca antes imaginados, a medicina está ficando inacreditável e a internet revolucionou nossa forma de viver de uma maneira inexplicável, mas, no geral, a vida da sociedade está melhor? A resposta é não. Vivemos em um mundo em que a maioria da população é pobre ou miserável. Temos a tecnologia de ponta que nos permite quase tudo aí, mas quantas pessoas têm acesso a ela? Muito, mas muito poucas. A desigualdade sem tamanho que enfrentamos impede a sociedade de melhorar. Tudo porque o sistema em que hoje estamos inseridos é injusto e ele é injusto porque o homem acabou por construi-lo assim.
Aquilo que nos distinguia dos demais animais parece ter sido colocado de canto pelo homem no decorrer da história. Abusamos de nossa racionalidade para criar, mas não a usamos para pensar no próximo, pensar no mundo como um todo. Durante o processo de desenvolvimento da tecnologia, o ser humano agiu como um selvagem. Foi criando e criando, mas usando de suas criações apenas para o beneficio próprio, não pensou nos outros, mas usou dos outros como alavanca para seu cada vez maior enriquecimento. Passou a, além de dominar a natureza, dominar os outros seres humanos, buscando chegar ao topo da cadeia e se tornar o mais poderoso. É isso que tornou e torna o mundo desigual como é, uma mentalidade individualista materialista. A ganância cegou a racionalidade do homem o levando a submeter sua própria espécie e o capitalismo se tornou selvagem, um capitalismo sem fronteiras que passa por cima de tudo e todos. Não evoluimos em nada.
sábado, 20 de fevereiro de 2010
do underground para o mainstream
Os álbuns de uma grande banda de rock de sucesso tendem a ter algumas faixas mais melódicas, leves, numa levada calma e de fácil digestão. Em paralelo, uma banda do cenário underground tende a manter o som pesado durante todo o álbum porque, afinal de contas, eles são uma banda de rock e esse é o som deles! O motivo pelo qual bandas famosas mundialmente tendem a soar mais pop é simples. O pop, como já diz o nome, é um som popular. É um som que acaba por agradar o público em geral por ser de fácil assimilação. E os conjuntos que estão no mainstream, com alta divulgação na mídia, fazem músicas desse gênero para abranger um maior número de pessoas e, com isso, ganhar mais dinheiro. O processo acontece mais ou menos assim: uma banda desconhecida ao, por alguma razão como esforço próprio, conseguir fazer um pouco mais de sucesso e se destacar, atrae os olhares das gravadoras. As gravadoras de cds notam um talento ali, algo que cai no gosto dos fãs, e caem em cima da banda de roqueiros que não têm onde cairem mortos com contratos milionários com zeros que não acabam mais. Ao assinar esse contrato, a banda cai na mão da gravadora e é obrigada a mudar milhares de coisas, como por exemplo deixar o som mais pop para aumentar a legião de fãs e deixar a gravadora ainda mais rica. Nesse exato momento, a banda passa do underground para o mainstream.
Não são todas as bandas que aceitam se vender dessa forma para o sistema, por assim dizer. Muitas veem isso como ir contra seus valores subversivos e alimentar a cruel máquina capitalista, outras não pensam nem duas vezes - também, os caras nunca viram tanta grana na vida! O fato é que muitas entram no barco e, tentando ganhar público para as gravadoras, acabam por perder seus fãs mais radicais. O Dire Straits já dizia "Get the money for nothing and get chicks for free", criticando a atitude de vender "sua alma" por dinheiro. Eu concordo em parte porque, como tudo, a história tem dois lados. Se por um lado os questionadores do sistema passam a alimentá-lo - é, o rock acabou virando uma máquina de dinheiro nas mãos das empresas - por outro, temos divulgadas excelentes bandas antes escondidas. Sim, os caras mudaram um pouco o som, viraram pop, mas ainda assim ainda continuarão fazendo músicas mais rock n' roll e de inquestionável qualidade, porque nem eles nem a gravadora querem perder o público inicial e porque foi com esse som original que eles se destacaram na multidão e alcançaram os grandes palcos. Istoé, a banda pode ficar mais pop, mas nós passamos a ter músicas questionadoras com enlouquecedores riffs agora no mainstream - já que o som antigo é em parte mantido. Em consequência disso, muito mais gente terá acesso a esse tipo de som e mais gente vai querer fazê-lo. Quanto mais difundido o rock, melhor. Temos mais gente criando e recriando em cima daquilo e mais gente questionando e criticando da mesma forma que fazem as letras das músicas. E essa ampla difusão só o mainstream permite. Um estilo musical preso no underground, por mais que não contribua com as grandes empresas, fica desconhecido pelas pessoas. A verdade é que o mainstream é que movimenta música.
Não vou negar que me revolta baixar o cd de uma banda que eu adoro e encontrar musiquinhas deprê ou felizes demais que dão vontade de vomitar no meio. Mas o mainstream é que permite aos gêneros explodir e serem conhecidos mundialmente. Sem ele, não se conheceria o rock mundialmente e, por isso, suas vertentes nunca virião a existir, não teriamos punk, grunge ou mesmo qualquer tipo de rock brasileiro. É uma pena que se pague um preço tão caro pela fama, o preço de tudo no capitalismo: contribuir com a terrível lógica materialista em que vivemos. A parada é séria, as bandas passam de rebeldes a escravos das gravadoras. É uma ironia, até mesmo porque eles passam a ser rotulados como "astros do rock", quando na verdade se tornam prisioneiros do pop. Não queria colocar as gravadoras como vilãs, até porque elas estão inseridas em todo um sistema e também não se pode generalizar! Mas o que elas, no geral, querem é fazer mais e mais dinheiro com a banda e acabam a transformando em um negócio, como tudo no capitalismo. A culpa não é delas, mas da lógica em que vivemos e da mentalidade que temos incrustrada nas nossas mentes. E os musicos também estão presos a essa lógica, todo mundo no fundo no fundo quer uma vida melhor. As bandas que não se vendem são nobres pois se opõe na prática a essa lógica, conservando a qualidade de seu som por completo. Porém, se nenhuma banda se entregasse à fama...a música não se espalharia mundo afora, o que é algo necessário para o bem da música, mesmo que se entregar ao mainstream contribua para tantos outros males... É a forma de mover a música hoje, é o caminho principal e certeiro da difusão na atualidade. Alternativas existem, mas sua eficácia é rara, as bandas que conseguem subir ao topo de outras formas são escassas. Estamos ainda dependentes da grande mídia para a grande divulgação. A internet seria a principal alternativa, já que a circulação de informação é livre e global, mas a quantidade de coisa é tanta, que sua banda acaba perdida na multidão, conhecida pelos poucos que por acaso toparam com ela no meio do imenso mar da net.
Mudar essa lógica, só mudando o mundo. Bora?
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
a guerra e o dinheiro
Aqueles que enxergam precisam abrir os olhos dos outros. Precisamos lutar contra a corrente, ir na contra-mão da manipulação midiática e da mentalidade materialista. É hora de abrirmos os olhos para a loucura que é o mundo de hoje e usar as ferramentas que temos ao nosso dispor para reverter a situação. Pensar no humano, em uma realidade mais justa e, juntos, conquistarmos um novo mundo, quebrando com o atual. É uma tarefa mais do que árdua e até mesmo abstrata, mas se cada um fizer algo para tentar mudar - dar uma contribuição - podemos chegar longe. Pense, discuta, faça.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
sem espaço para refletir
Além do entretenimento, temos a parte informativa - os telejornais, o jornal escrito e os sites de notícias - que deformam a informação conforme lhes é de melhor serventia ou simplesmente as repassam como recebem das grandes agências de notícias que hoje monopolizam a maior parte da informação, organizações que distribuem informação mundialmente com a desculpa de serem consideradas as únicas fontes "seguras". As notícias são dadas sem dar espaço para que se reflitam sobre elas, sendo absorvidas igualzinho a todos os outros programas televisivos. O que agrava a situação é que a maioria das pessoas só tem acesso ao telejornal. Sim, existem bons jornais escritos que trazem opiniões diversificadas e até propostas reflexivas, mas a maioria da população não os lê. Existem também inúmeras boas fontes de informação na internet, mas, dos poucos que hoje tem acesso à web, é ainda menor a parcela que não se perde no turbilhão de informações e não acaba se restringindo aos sites grandes, os quais emitem as mesmas notícias mastigadas da televisão. A internet é um universo amplo, mas dificil de filtrar.
Sem reflexão, não há uma percepção de como, quanto e por que a realidade está tão injusta e desumana. E sem que se percebam os milhares de problemas que tomam nossa sociedade, a imensa desigualdade na qual estamos imersos e a razão de tudo isso, as pessoas acabam passivas, apenas contribuindo e alimentando o desequilibrio, consumindo e trabalhando. Só no momento em que a grande maioria tiver o tempo e o espaço para refletir é que se poderá haver a busca por mudança, a quebra desse sistema falho e a criação de um mundo mais justo. A mídia é fundamental na manutenção do terrível contexto mundial em que vivemos. O importante é tentar ter um olhar crítico diante dela, perceber que aquilo exposto nos jornais é apenas um ponto de vista. Aquilo não é a verdade, a verdade absoluta não existe.
sábado, 30 de janeiro de 2010
HQs subestimadas
As HQs podem ser educativas, críticas, políticas, de tramas complexas, sanguinárias ou controversas. Já foi desenhado e escrito todo tipo que se pode imaginar, ainda mais se pegarmos as histórias underground. Peguemos artistas como Robert Crumb e Art Spiegelman. Eles fazem um trabalho realmente artistico, de intensa profundidade, em que há um olhar critico e uma expressão expontânea do artista em sua obra. É um uso fora do convencional da HQ, e diria que uma das melhores formas de utilizá-la. Por outro lado, temos os mais tradicionais e divulgados, como os de super herói. As duas grandes empresas de quadrinho norte-americanas Marvel e DC dominam o mercado, e devido a sua tradição, tem uma imensa importância na cultura pop. Mantém até hoje gibis dos anos 40, como do Batman, Homem Aranha e Superman, personagens que se tornaram ícones pop, uma vez difundidos nas mais diversas mídias, e são mundialmente conhecidos até pelo cara mais leigo em HQ.E eles surgiram dos quadrinhos.
Essas gigantes editoras, se adaptando ao mercado e à ampliação do público, foram obrigadas a sair do convencional e criaram selos para a publicação de outros tipos de histórias, como o selo Vertigo, que publica títulos como Hellblazer John Constantine e Sandman. São histórias para adultos com personagens muitas vezes de moral distorcida e sem o politicamente correto bem vence mal dos super heróis. Até mesmo as histórias de super heróis já perderam essa característica, se tornando cada vez mais complexas e menos bobas e infantis como de início. Heróis com crises existenciais e/ou que matam gente não faltam hoje.
As histórias em quadrinhos são e já foram usadas para as mais diversas empreitadas, como representar um fato histórico, ilustrar uma época por exemplo. Revoluções e independências já foram colcadas nos quadros sequenciais!
Bom, não faltam exemplos do uso da ferramenta HQ e eu poderia ficar o dia todo aqui citando mais e mais, mas acho que já mostrei bem o que quero dizer. A nona arte pode ser usada para milhares de fins, sua produção é barata e sua leitura muuuito longe de exaustiva. É um meio de comunicação importante e significativo que não deve ser desprezado. E hoje com a internet o acesso aos mais distintos materiais está cada vez mais fácil. Qual o seu interesse? Pesquise, pois pode ter uma HQ abrangendo exatamente o assunto que você curte! Um feliz dia da HQ nacional para todos.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
a beleza do show de rock
Poderia discutir aqui esses conflitos que muitos estão careca de saber e até discorrer sobre como a potência norte-americana se aproveita deles para dominar as regiões com seus soldados, na tentativa de expandir seu imperialismo, e não de ajudar. Afinal, por que eles iam querer a paz mundial se a guerra é muito mais lucrativa financeiramente? (Risos) É, mas a função desse post não é analisar/criticar a política mundial, apesar de eu já ter me aproveitado pra dar uma espetada!
A verdade é que são raros os momentos em que temos uma união conjunta de todo uma multidão de pessoas de distintas visões de mundo e classes sociais em torno de um único motivo, uma causa. É raro esse momento, um momento em que as diferenças não importam mais e os preconceitos são deixados de lado, porque todos estão ali pela mesma razão.
Um exemplo de momento igual a esse é o show de rock. É aí que está a beleza do show de rock. Nele todos estão lá pela banda, todos, independente de raça ou religião, são fãs da banda e curtem rock n' roll! Estão lá para ouvir e ver os artistas que tanto gostam e curtir o show juntos, pois têm esse gosto em comum. E é lindo isso. O poder que o rock e a música em geral têm de criar uma identidade entre as mais diferentes pessoas, de uni-las e de quebrar as fronteiras construidas pela vida e a sociedade é impressionante, parecendo trazer um momento de esperança em uma sociedade tão afastada entre si. Durante uma, duas horas, essas fronteiras são esquecidas, se dissolvem e deixam de existir. E o mais incrível é que a maioria das pessoas não percebe.
Me alegra saber que existem ainda meios de reunir as pessoas em torno de uma paixão em comum, fazendo com que se esqueçam as diferenças e os conflitos cessem. Mas ainda é desilusório saber que a tendência hoje é outra, é o isolamento. As pessoas estão se separando uma das outras e essa desagregação, cada vez maior, em pequena escala só se reflete nas guerras em grande escala. O mundo está desunido, isso só abre espaço para mais caos e injustiça, nos colocando cada vez mais longe de qualquer utopia. Essa é a realidade e só depende de nós mudá-la, começando por tentar se aproximar mais daqueles à nossa volta e quebrar nosos preconceitos pessoais. Mais que nunca, precisamos fazer um esforço e sermos mais solidários. Não é tão dificil quanto parece e pode fazer toda a diferença no mundo. Você pode.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
a valorização do "ter"
Hoje em dia se vê nas propagandas uma constante associação de um produto a um estilo de vida, uma forma de expressão, uma personalidade e atitude. Essa estratégia usada para atingir e persuadir o público é um reflexo da importância que a possessão de bens tem na atualidade. O consumismo advém da idéia do individuo precisar ter para se tornar completo, para obter aprovação do grupo - para ser feliz.
Esse conceito, integrante da mentalidade da maioria de nós hoje, que nos julgamos e julgamos aos outros com base nas posses materiais move todo um sistema baseado no consumo. Essa necessidade de se ter é que gira a grande roda capitalista. Os mais diversos produtos surgem porque existem consumidores para eles e porque existe gente criando, ampliando e comprando empresas e negócios com o fim de lucrar cada vez mais, para poder ter cada vez mais. É obvio que precisamos comprar para viver, mas nós realmente precisamos ter tudo que temos ou almejamos ter? Não seria possivel viver com um número muuuito menor de bens? E, a questão mais importante, não seria errado e estúpido julgar e ser julgado pelo que se tem?
Quem ganha com isso são os fabricantes, produtores dos produtos, que lucram cada vez mais, enriquecendo às custas de consumidores que economizam até o último centavo de seu salário para comprar o que almeja. E quanto mais uma marca lucra e cresce, menor a concorrência e menor a necessidade da empresa de aprimorar seus produtos e dar uma boa qualidade de vida a seus trabalhadores, uma vez que essa marca acaba por comprar as outras - menores. Estagnando cada vez mais o mundo e a sociedade e aumentando as desigualdades. Em consequência disso, crescem problemas como o desemprego, a pobreza e a desigualdade social em todas as escalas.
É fato que essa forma materialista de se pensar já está mais do que incrustrada em nossas mentes, ainda mais por ser reforçada todo dia pelos meios de comunicação. Porém, precisamos parar um minuto e pensar sobre os efeitos de um estilo de vida baseado no "ter" para todo o mundo e, em consequência, para você, e tentar consumir menos. É só refletir no que realmente é importante na vida, o que é essencial e o que é de realmente grande valor, principalmente a longo prazo. Estamos cada vez mais imediatistas e materialistas. É hora de valorizar o que realmente importa, aquilo que não é descartável e substituivel como os pertences. Troque o material pelo o humano.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
o rock e a música nos 00
Essa é uma questão delicada, mas pode se resumir numa simples resposta: Não trouxe muito de novo não.
Tivemos bandas de Rock Alternativo. Rock Alternativo esse que foi o mais próximo do rock que as "novidades" dos anos 00 puderam trazer. Um rock nada pesado, simples e sem grandes inovações. Não que o som não fosse bom, gostoso de ouvir, mas não foi nada que ninguém nunca tenha feito antes, mesmo que em outro contexto. O que foi uma decepção, uma vez que os roqueiros poderiam abusar das belezinhas produzidas no passado, se apegar a referências e a partir delas trazer algo novo. Há muito material desse século que se foi para ser trabalhado e repensado. Mas não, todas essas bandas soaram muito parecidas umas com as outras, tocando algo simples e já obsoleto, já arcaico.
Na música pop, essa década começou com a adoração da garotada às supostas bandas Emo, suposta vertente do rock. Músicas deprimentes, misturando Pop Rock, Baladas Românticas e um pouco de hardcore. Esse Emo que tanto fez sucesso não foi o Hardcore emotivo préexistente, mas muitooo pior, sendo uma versão mais pop, mais superficial e, ao desenrolar de sua popularidade, mais batida! A febre foi tanta que chegamos a ter bandas emo no Brasil! Destacam-se ainda as melosas músicas, a black music que raramentre questiona alguma coisa, com minas muito gatas e "rappers" com cara de mal sem nada em comum cantando juntos, seguidores da fórmula Britney Spears, bandas que eram de rock cada vez mais pop... Nada musicalmente relevante.
Em meio a essa mesmice, houve certas experimentações, um caso ou outro de tentativa de buscar o novo em cima de influências diferenciadas. Como o White Stripes, a dupla com músicas que bebiam tanto do blues quanto do punk. O Mars Volta...influenciados por jazz, progressivo, punk, com músicas de durações muuuito variadas. Entre outras, raras excessões em meio a mesmice musical da década..
É, essa década foi fraca. Se criou e recriou tanto no século XX, mas, por alguma razão a geração XXI parece querer parar no tempo. Mas é claro que existem muitas bandas da atualidade escondidas por trás da divulgação midiática, meu conselho é ir atrás das excessões, ir atrás do underground, deve ter muita coisa louca por aí...e, claro, pra quem estiver disposto, levantar a bunda da cadeira e ir fazer música. Se quem está aí não quer inovar, vamos nós lá tentar reinventar a música! Vale a pena tentar...imagine ser o próximo Ícone do Rock! Uma boa, hein? rss